Em um ano de crise no mercado interno, as exportações do agronegócio gaúcho devem se encerrar 2016 com um crescimento de 3%, apontam economistas. Desde a metade do ano, as operações de comércio exterior do segmento ultrapassam 70% do total exportado pelo Estado – no ano passado, a média de participação do agronegócio nas exportações gaúchas foi de 66%. O impulso principal foi dado pela valorização da soja. O economista-chefe do Sistema Farsul, Antônio da Luz, lembra que, em agosto do ano passado, a oleaginosa era comercializada a 386 dólares a tonelada. Um ano depois, chegou a 429 dólares.
“Este é o grande diferencial observado no Relatório de Comércio Exterior do Agronegócio, que divulgamos neste mês. As exportações de agosto deram um salto de 15,8% porque o preço do grão está muito melhor”, afirma. Conforme o relatório da Assessoria Econômica da Farsul, o Estado exportou em agosto 1,275 bilhão de dólares. De janeiro a agosto, as operações chegaram a 7,9 bilhões de dólares, aumento de 0,87% na comparação com 2015. Foi a primeira vez que 2016 superou o ano passado no acumulado. O coordenador do Núcleo de Estudos do Agronegócio da Fundação de Economia e Estatística do Rio Grande do Sul (FEE), Rodrigo Feix, acredita que nos meses que faltam para terminar 2016, principalmente setembro e outubro, o saldo das exportações deve continuar positivo, o que levaria o Estado a um resultado final ligeiramente maior que o de 2015.
“A entrada da safra da soja é que melhorou os indicadores de exportação. De janeiro a julho, os índices foram inferiores aos do ano passado. Com a entrada de mais alguma coisa da safra do grão podemos chegar ao final do ano com crescimento sim, mas não maior que 5%”, destaca. A possibilidade de que bons resultados se confirmem nos próximos meses é considerada pelo diretor superintendente da CCGL, empresa que administra o Complexo Termasa/Tergrasa do Porto de Rio Grande. Guillermo Dawson Júnior aponta que cerca de 8 milhões de toneladas de soja já passaram pelos terminais do Porto, quantidade menor que a do ano passado. “Muitas cidades do Interior ainda têm soja armazenada que já poderia estar sendo embarcada, mas talvez o produtor esteja aguardando por uma acomodação de preços”, acredita.
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