Apesar de ter acompanhado a tendência de recuo nas vendas dos produtos gaúchos para o exterior, o fumo em folha se manteve em posição de destaque na pauta de exportações do Rio Grande do Sul no primeiro semestre. Segundo números divulgados ontem pela Fundação de Economia e Estatística, o carro-chefe da economia do Vale do Rio Pardo foi o segundo item mais embarcado pelo Estado entre janeiro e junho.
Conforme os dados, na primeira metade de 2016 as receitas do tabaco atingiram US$ 555,1 milhões, o que significa uma queda de 7,6% em relação ao mesmo período do ano passado. A retração no valor ocorreu mesmo com o cenário de depreciação do real frente ao dólar e com o crescimento no volume vendido.
Segundo o pesquisador da FEE-RS, Tomás Torezani, a expansão no volume não foi suficiente para compensar a redução no preço, que foi a terceira maior entre todos os produtos, ao lado do trigo e do farelo de soja. Na prática, porém, com o câmbio valorizado, a rentabilidade das indústrias em reais foi até superior à de 2015. “Como o exportador sabe que a conversão está interessante, ele tem uma margem para baixar o preço e, com isso, tornar o seu produto mais competitivo. Mesmo com o custo dos insumos se elevando, as empresas têm a rentabilidade garantida em real”, observa o pesquisador.
Os dados mostram ainda que o fumo manteve praticamente a mesma participação no total das exportações gaúchas: 7,2%, ante 7,5% no ano passado. Com isso, segue entre os principais produtos exportados – atrás apenas da soja em grão, que com a supersafra registrou recorde em volume e cuja participação chega a 24,8%. Outros produtos derivados da cadeia do tabaco, como o fumo manufaturado e o cigarro, também aparecem, mas com participações bem menores.
Ao todo, 65 países compraram fumo gaúcho este ano. Desses, Bélgica, Estados Unidos, Rússia, Alemanha e Paraguai – os cinco principais, nessa ordem – respondem por 49% do tabaco exportado pelo Estado.
Ano deve fechar com menos valor e volume
De acordo com o presidente do Sindicato Interestadual da Indústria do Tabaco (Sinditabaco), Iro Schünke, os números da FEE estão dentro das expectativas do setor. A projeção das empresas fumageiras, conforme apurado por uma pesquisa realizada em março, é que o ano encerre com uma retração tanto no valor exportado (entre 10% e 15%) quanto no volume (entre 6% e 10%).
Isso será consequência de uma produtividade menor nas lavouras na safra passada em função do fenômeno climático El Niño, que elevou o volume de chuvas. “No Rio Grande do Sul ainda não tivemos impacto no volume, mas a perspectiva é que isso aconteça no segundo semestre”, analisou.
No geral, o dirigente considera que os dados da FEE são satisfatórios, apesar da queda no valor embarcado. “O mais importante é que segue demonstrada a importância do tabaco para o Estado, o que ficou muito visível para o ministro da Agricultura na semana passada”, disse, referindo-se à visita de Blairo Maggi à região na última quarta-feira.
Estado perde colocação no ranking nacional
O desempenho do tabaco nos primeiros seis meses de 2016 foi semelhante à maioria das mercadorias exportadas no Rio Grande do Sul, em especial os produtos básicos e os manufaturados. Ao todo, o Estado exportou US$ 7,7 bilhões, ante US$ 8 bilhões em 2015 – uma redução de 4,4%.
Em queda desde dezembro de 2014, os preços médios dos produtos recuaram 13,2% no período e foram os menores desde 2010. Já o volume embarcado cresceu 10,2% e foi o maior da série histórica iniciada em 1989 – 11,5 milhões de toneladas. Com esse resultado, o Estado perdeu uma posição no ranking nacional, passando para a quinta colocação – ultrapassou o Rio de Janeiro, mas foi superado por Mato Grosso e Paraná.
Além da soja em grãos e do fumo em folha, destacaram-se na pauta de exportações gaúcha os polímeros plásticos (6,9% de participação), a carne de frango (6,8%) e o farelo de soja (5,2%).
O QUE DIZEM OS NÚMEROS
Ao todo, as exportações de fumo em folha no Estado atingiram US$ 555 milhões no primeiro semestre do ano, o que significa uma queda de 7,6% em relação ao ano passado.
O preço médio do quilo do fumo vendido pelo RS foi de US$ 3,95 no primeiro semestre, o que significa uma queda de 13,1% em relação ao ano passado.
No total, foram vendidas 140,6 mil toneladas de fumo em folha, o que significa um crescimento de 6,4% em relação ao ano passado.
|