O resultado obtido pela soma das riquezas produzidas no Rio Grande do Sul, o Produto Interno Bruto (PIB), dos meses de abril, maio e junho mostra que o Estado sofre um pouco menos com a crise. Enquanto o país encolheu 3,8%, na comparação com o mesmo período de 2015, o RS recuou 3,1% - boa parte disso puxado pela baixa arrecadação de tributos.
Os dados fazem parte do estudo econômico feito pela Fundação de Economia e Estatística (FEE), divulgados ontem. A produção agropecuária foi a que menos encolheu no Estado. Na soma do trimestre, a produção recuou 0,80%, contra 3,1% no país.
Para a presidente do Conselho Regional de Desenvolvimento do Vale do Taquari (Codevat), Cintia Agostini, dois fatores elevam a condição do Estado diante da União e, um deles, em especial, beneficia o Vale. “Nós tivemos uma super safra de soja, e isso é muito bom para todo o Rio Grande do Sul. Mesmo com o valor reduzido das commodities, a safra da soja colocou o Estado como o maior produtor do país.”
O Vale não tem vocação para o plantio de grãos. Embora haja soja para silagem e para venda em menor escala, é a manufatura de alimentos que coloca a região no topo da economia. Cintia explica que a exportação de balas, doces e cortes de carne cresceu em 2016 e projetou as indústrias regionais no cenário internacional. “Com isso, nós sentimos menos e continuamos gerando riquezas aqui. Não dá para comparar com o desempenho estadual, mas, nesta situação, o Vale fica em vantagem com relação a outras regiões do Rio Grande do Sul.”
Incerteza ronda economia, ainda
Fruto do período mais turbulento da política nacional - meses nos quais o processo de impeachment de Dilma Rousseff e o governo provisório de Michel Temer ditaram o ritmo da economia -, o segundo trimestre ampliou a sombra da crise política.
Conforme o economista Carlos Giasson, passado o período, Dilma afastada definitivamente e Temer novo presidente, ainda não tranquiliza o mercado. “É difícil fazer uma previsão sobre a economia. As questões políticas irão ditar, por um bom tempo, o movimento econômico.”
O ano de 2016 deverá ser marcado pela redução na meta econômica. Já 2017 será “diferente”, na medida em que as decisões tomadas a partir de agora irão dar novos rumos para a economia. “Não é só uma crise de confiança, é preciso ter investimentos e uma resposta positiva do governo com ajustes fiscais e com a redução dos gastos públicos”, avalia o economista.
Comparação com o país
Segundo a FEE, o PIB do Brasil caiu 3,8%, com uma redução de 3,3% no valor adicionado bruto (VAB) e de 6,8% nos impostos líquidos. Todas as grandes atividades no Estado tiveram uma redução menor que a brasileira. A agropecuária gaúcha diminuiu 0,8%, e a do país caiu 3,1%. A indústria no Rio Grande do Sul retraiu-se em 2,5%, enquanto a do Brasil decresceu 3,0%. Já os serviços gaúchos reduziram-se em 2%, ao passo que os brasileiros, 3,3%
Os números mostram que este foi o segundo trimestre consecutivo em que a queda trimestral do PIB gaúcho foi menor que a verificada no trimestre anterior. Comparando o desempenho do Estado e o papel do Vale do Taquari na composição do PIB gaúcho, a presidente do Codevat mostra-se otimista. “O próximo trimestre deverá apresentar um desempenho melhor ainda. Nossa economia está mais estável, comparada a outras regiões.”
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