Após ligeira queda em janeiro, o desemprego na Região Metropolitana de Porto Alegre voltou a crescer em fevereiro. Segundo a Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED), no mês passado, a taxa de desemprego na região passou de 10,6% para 10,8%, aumento que é classificado pelos pesquisadores como “praticamente estável”. Ao todo, 11 mil vagas (-0,7% do contingente total) foram eliminadas no período. Como há aposentadorias e outros fatores de saída do mercado de trabalho, porém, o crescimento entre os desempregados foi menor, na ordem de 3 mil pessoas (+1,5%).
É justamente esse contingente de pessoas que se retiram do mercado que tem segurado a taxa em patamares ainda longes do ápice da série histórica, os 19,7% registrados em outubro de 1999. Apenas no mês passado, a População Economicamente Ativa (PEA), que engloba apenas as pessoas empregadas ou à procura de emprego, diminuiu em mais 8 mil pessoas, o que corresponde a uma redução de 0,4%. Com isso, a taxa de participação, que mede a relação entre essas pessoas e a população total, também caiu, de 51,9% para 51,6%. É a menor de toda a série, iniciada em 1992.
Além do envelhecimento da população, o movimento de saída é ajudado também por fatores como o maior acesso a universidades nos últimos anos, o que aumenta o número de jovens que apenas estudam. Há outros aspectos mais ligados à crise, porém. “Como o mercado está ruim, quem ainda consegue se manter desiste de procurar emprego à espera de uma melhora na geração de vagas”, conta Iracema Castelo Branco, economista da Fundação de Economia e Estatística (FEE). A entidade realiza a PED em conjunto com o Dieese e a Fundação Gaúcha do Trabalho e Ação Social (Fgtas). Outra constatação da pesquisa é que as ocupações pagam cada vez menos pelo trabalho. Em janeiro (essa parte da pesquisa é feita sobre os rendimentos do mês anterior), a renda média dos trabalhadores ocupados caiu 0,8% em relação a dezembro, para R$ 1.880,00.
Em um ano, essa queda chega a 6,9%. A situação é pior principalmente nas vagas menos qualificadas, como a dos autônomos (R$ 1.612,00 médios em janeiro, queda de 8% no mês). Quem tem carteira assinada no setor privado, com mais proteção, viu seu salário médio cair 1,2% no primeiro mês de 2017, para R$ 1.757,00. “São valores muito abaixo dos patamares praticados nos últimos anos”, comenta Iracema. Como há menos gente trabalhando e, ao mesmo tempo, quem está o faz ganhando menos, segue caindo também o total de dinheiro que circula.
A massa de rendimentos reais caiu 5% em janeiro, e acumula redução de 8,8% em 12 meses. Entre os setores, o melhor resultado para fevereiro foi visto na construção civil, que empregou mais 4 mil pessoas, aumento de 3,4%. Em um ano, porém, o melhor resultado é o da indústria. As fábricas, que foram as primeiras a registrarem cortes drásticos na ocupação desde 2014, já acumulam 13,9% de crescimento nas vagas desde fevereiro de 2016. A pior situação é a encontrada nos serviços, que é também o setor que mais emprega na Capital. A retração foi de 2,7% no mês, e acumula 5,1% em um ano.
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