22/03/2018

Zero Hora

Sua vida | Pág. 28

Os gaúchos perderam em qualidade de vida de 2014 para 2015, época em que a recessão econômica começou a se aprofundar no Brasil. O cenário é retratado no Índice de Desenvolvimento Socioeconômico (Idese) do Rio Grande do Sul, elaborado pela Fundação de Economia e Estatística (FEE) e divulgado na manhã de ontem. De 2014 para 2015, ano mais recente de análise, o Idese do Estado reduziu em 0,8%, passando de 0,757 para 0,751. Foi a primeira queda da série histórica, iniciada em 2007.

O Idese avalia o desenvolvimento do Estado e dos municípios gaúchos ao levar em conta aspectos qualitativos do processo de desenvolvimento. Ele é composto por 12 indicadores divididos em três blocos: educação, renda e saúde. A avaliação leva em conta que "0" representa o pior cenário e "1", o padrão de países desenvolvidos.

De forma geral, o RS apresentou nível "médio" de desenvolvimento, por estar situado na faixa entre 0,500 e 0,799 - a avaliação é considerada alta se fica maior ou igual a 0,800, e baixa quando se posiciona abaixo de 0,499.

O quesito renda foi o único que apresentou piora em 2015, mas a variação foi grande o bastante para puxar o Idese geral para baixo no RS: fechou em 0,739, uma queda de 3,1% em comparação a 2014. Um dos sub-blocos, o de geração de renda, caiu de 0,710 para 0,709 em 2015.

Segundo o estatístico Rafael Bernardi, ligado ao órgão, o indicador deve cair também em 2016:

- A recessão impactou muito na geração de renda, que é PIB per capita no Idese. Em 2015, foi quando o desemprego explodiu no Brasil e no RS. Como os indicadores econômicos não melhoraram em 2016, a tendência é de que o Idese continue caindo - afirma Bernardi.

A saúde foi o bloco que mais avançou de 2014 para 2015: fechou em 0,817, crescimento de 0,5%, na esteira do aumento no número de consultas pré-natal.

CARLOS BARBOSA LIDERA O RANKING

De forma geral, a educação gaúcha ficou estável. Com Idese de 0,698, teve crescimento de apenas 0,2%, porque se saiu bem em indivíduos com idade pré-escolar e de Ensino Fundamental. Ao mesmo tempo, a avaliação não foi tão boa para quem tem idade para estar no Ensino Médio e tem 18 anos ou mais. O pior desempenho foi no quesito relacionado ao Ensino Médio, medido pela taxa de matrículas.

- Não sabemos com certeza por que houve menos matrículas. Mas há hipóteses. Sabemos que, em cenário de maior desemprego, é razoável supor que adolescentes busquem emprego ou bicos para angariar rendimentos a mais para a família. E também pode ter a repetência no Ensino Fundamental, que prejudica as matrículas para o Ensino Médio - reflete Bernardi.

Os municípios que ficam em áreas de colonização em pequenas propriedades, localizados, na maioria das vezes, no norte e no nordeste do Estado, são os mais desenvolvidos. Carlos Barbosa é líder, seguida por Água Santa, Nova Araçá e Aratiba. Os menos desenvolvidos, por outro lado, são Dom Feliciano, Alvorada e Jaquirana.

Das cidades com mais de 20 mil habitantes, as mais avançadas são Bento Gonçalves, Porto Alegre, Erechim, Santa Cruz do Sul e Caxias do Sul.

IDESE ENTRE 2014 E 2015 (Ver imagem)