Pivô da polêmica que levou o Piratini a devolver as estradas federais concedidas ao Estado, o senador Alfredo Nascimento admitiu a Zero Hora, em entrevista no Senado, que o fato de o governador eleito Tarso Genro ser do PT facilitará a retomada. A seguir, trechos da entrevista:
Zero Hora: O senhor é favorável à retomada das estradas federais concedidas ao governo gaúcho?
Alfredo Nascimento: Sim. Há de se encontrar uma solução.
ZH: O passivo reclamado pelas concessionárias pode ser um obstáculo para a devolução?
Nascimento: Pode, mas é um obstáculo que pode ser discutido. Quando há consenso, a conversa resolve as coisas. Não pode é ficar como está.
ZH: O fato de um petista ter ganho a eleição no Rio Grande do Sul facilita esta operação?
Nascimento: Claro. O PT é o partido do governo federal. Facilita muito.
ZH: Após as eleições, Tarso lhe procurou para conversar sobre esse assunto?
Nascimento: Não, até porque ainda não estou à frente do ministério. No entanto, o ministro Paulo Passos conversou (quarta-feira) comigo e depois viajou para o Rio Grande do Sul para tratar sobre a retomada das estradas com o novo governador.
ZH: A presidente eleita Dilma Rousseff concorda com a retomada das estradas?
Nascimento: À época que Dilma era ministra, ela concordava com a posição do Ministério dos Transportes, assim como o presidente Lula. A posição do governo sempre foi a de aceitar as rodovias, desde que se corrigissem algumas coisas.
ZH: O governo gaúcho reclama que o Planalto tratou politicamente o episódio. O senhor admite essa contaminação?
Nascimento: Não. Quem quis fazer a devolução foi o governo estadual, porque não aceitamos que as concessionárias fizessem os investimentos nas estradas concedidas em troca da prorrogação dos contratos, sem licitação. Como discordamos, o Piratini resolveu devolver os polos.
Dezembro de 2008
- A disputa entre Estado e União por conta dos seis polos de pedágio teve o ápice. Yeda queria prorrogar, sem licitação, as concessões por mais 15 anos, em troca de obras.
- Como havia rodovias federais, ela precisava de aval do Planalto
Agosto de 2009
- Yeda transferiu à União o controle de seis dos sete polos concedidos e um passivo estimado pelas empresas em R$ 460 milhões.
- A medida foi uma resposta à decisão do governo federal de negar aval ao pedido para que as concessões fossem estendidas.
- Por carta, o então ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento, recusou a devolução dos 1,6 mil quilômetros de estradas pedagiadas.
Setembro de 2009
- Os trechos envolvidos na polêmica ficam sem nenhuma fiscalização. O Piratini liberou o Daer de vigiar as concessionárias.
Julho de 2010
- O Ministério dos Transportes criou uma comissão, integrada por representantes de diversos órgãos federais, para estabelecer as condições de devolução.
- O grupo de trabalho foi constituído para fazer um inventário das rodovias, com levantamento do estado de conservação das estradas e situação dos contratos.
Dezembro de 2010
- Na semana passada, apesar de a análise técnica feita por um grupo de trabalho ainda não estar concluída, Tarso soube que o governo federal pretende aceitar as estradas devolvidas por Yeda.
Posição semelhante ao eleito
Durante a reunião, o atual ministro dos Transportes declarou que tem posição parecida com a de Tarso na questão dos pedágios no Estado. – O atual modelo de pedagiamento do Rio Grande do Sul não é adequado – declarou.
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