05/12/2016
Jornal do Comércio
Economia | Pág. 7
Clipado em 05/12/2016 01:12:03
Proposta recebe diversas críticas

Dentre as diversas propostas do pacote do governo estadual, a extinção da FEE é, talvez, a que tenha recebido a maior variedade de críticas. Personagens ligados a diferentes partidos têm feito objeções à extinção. Ex-presidente da FEE entre 1991 e 1993, a ex-presidente da República Dilma Rousseff soltou nota afirmando que “a proposta de extinção da FEE é, por todos os ângulos, um enorme equívoco e um grave dano ao Estado e à sociedade”. Do outro lado do espectro político, o ex-secretário da Fazenda no governo Yeda (2011-) e ex-presidente da FEE entre 2003 e 2006, Aod Cunha, que apoia o pacote do governo, classifica a extinção da FEE como jogar a criança fora junto com a água suja.

“Não há boa política pública sem bons dados, indicadores e avaliações de desempenho. O resto é chute”, defendeu Cunha em redes sociais. Diversas entidades também publicaram apoio à fundação. Uma é o Conselho Regional de Economia (Corecon-RS), cuja presidente, Simone Magalhães, classifica os argumentos para a extinção como “inaceitáveis”. “É tão óbvio, uma economia tão besta, que não faz sentido”, afirma. Simone, que também é a favor do pacote, sustenta que sua opinião é pela relevância dos dados e estudos para pesquisadores, estudantes, governo e iniciativa privada, e não por pena. Já os apoios à proposta têm vindo das federações empresariais.

“É uma medida difícil, mas passamos por um momento de transição, nada impede que, no futuro, ela não possa voltar. Agora, temos que cortar de forma radical”, argumenta a presidente da Federasul, Simone Leite, que afirma, porém, reconhecer a “grande relevância”. do trabalho da FEE. Simone acredita que iniciativa privada e entidades de classe podem ajudar o Estado nessa área. O presidente da Fecomércio, Luiz Carlos Bohn, vai na mesma linha. “Sabemos da importância, mas não podemos abrir exceções”, afirma, sustentando que a FEE não é prioritária para o momento atual.

FUNDAÇÃO DE ECONOMIA E ESTATÍSTICA SIEGFRIED EMANUEL HEUSER (FEE)

HISTÓRICO

Fundada em 1973, produz, desde então, as estatísticas e análises socioeconômicas do Estado. Seus principais estudos são o cálculo do PIB, Idese, cálculo das exportações, PED e assessorias ao governo. Seu banco de dados, que é aberto e gratuito, possui 993 variáveis. Em parceria com o BRDE, idealizou, por exemplo, o Polo Petroquímico de Triunfo.

GASTOS COM FOLHA E CUSTEIO R$ 30 milhões (2015). Tirando as receitas, o impacto com o fechamento, segundo o governo, é de R$ 29,1 milhões. Segundo a FEE, é de R$ 18,4 milhões, já que o custo com inativos e estatutários continuaria com o Estado. Número de funcionários impactados: 112 celetistas serão demitidos. Outros 52, estatuários, seriam realocados para um novo departamento. Nove têm situação indefinida, pois entraram antes de 1983 e, por isso, poderiam solicitar judicialmente sua estabilidade.

MOTIVO DADO PELO GOVERNO PARA A EXTINÇÃO

Não é prioritária para o momento de crise. Alguns trabalhos seriam mantidos no novo departamento, o restante contratado externamente.

MOTIVO DADO PELA FUNDAÇÃO

PARA A MANUTENÇÃO Em todo o mundo, órgãos estatísticos possuem autonomia para que os dados sejam críveis. Além disso, os estudos sairiam mais caros para o governo na iniciativa privada e não teriam a credibilidade que a FEE construiu.