Desde a década de 1950, os economistas alertam: o maior problema dos países pobres não é a falta de recursos, mas o seu desperdício. A essência está na baixa qualificação, ao que se somam os incentivos perversos de um sistema político que está longe de selecionar os mais preparados. Economistas modernos chamam isso de “capital humano”, um ativo intangível que leva décadas para se construir. Não vemos, mas o Rio Grande do Sul perde bilhões em recursos dessa forma. Recentemente, devolvemos à União o dinheiro para a construção de três presídios por falta de técnicos na Secretaria de Obras.
Por isso, estamos permutando patrimônio por obras prontas, não por ser melhor ou mais barato. No caso da Fundação de Economia e Estatística (FEE), o plano de cargos e salários, em vigor há dois anos, é o mais moderno do Estado, permitindo quantificar exatamente o que é produzido para fins de ascensão meritocrática, o sonho de todo gestor privado. Em 2015, a manutenção, revisão e criação de indicadores e serviços à população representaram 45% das horas produtivas dos pesquisadores. As análises que traduzem esses e outros dados sobre o Rio Grande do Sul para a sociedade e governantes, por sua vez, representaram outros 32%, enquanto 10% foram direcionados a assessorias customizadas a outros órgãos do Estado e 3%, a entrevistas.
Aí estão 90% das horas produtivas da FEE. Os críticos à FEE preferem pinçar, em nosso portal, títulos de trabalhos que sequer foram escritos por nós, mas poucos se perguntam por que nossa produção é obrigação legal, contida no parágrafo único do art. 168 das Constituição Estadual. Em geral, não fazem as perguntas corretas, porque sequer estão preparados para fazê-las. É verdade que cerca de 10% das horas produtivas da FEE se dividem entre conteúdo teórico e conjuntura nacional e internacional, afinal de contas não vivemos em uma bolha. Estudar, para nós, é trabalho que aumenta a produtividade, e não uma atividade de lazer para as tardes de domingo.
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