No ano de 2016, nem mesmo a agropecuária conseguiu escapar de um PIB negativo. Os números apresentados pela Fundação de Economia e Estatística (FEE) mostram queda de 4,5% no acumulado do ano. Mas há uma diferença entre o resultado deste e dos outros setores. No primário, o tombo não tem a ver com a recessão. Reflete os efeitos do El Niño.
– Esse número é resultado exclusivamente do clima. A agropecuária brasileira tem uma capacidade de competir mundialmente. Se o consumo interno contrai, conseguimos vender o produto lá fora – explica Antônio da Luz, economista-chefe do Sistema Federação da Agricultura do Estado (Farsul).
O fenômeno causou perdas no arroz (-13,7%) e no fumo (-21,6%, segundo a FEE). E houve redução na colheita do milho (-15%).
– São produtos com peso na exportação. A soja, que às vezes costuma compensar, não foi suficiente – comenta Guilherme Risco, economista da fundação.
Da mesma forma, a recuperação do trigo, no segundo semestre, também não conseguiu evitar o tombo. A boa notícia é que, em 2017, o cenário deve ser completamente diferente, graças à supersafra que se consolida nos campos. Dessa vez, o clima saiu da condição de vilão e tem se comportado como o mocinho da história, garantindo condições para colheita farta, com volume histórico projetado para a soja, principal produto de exportação.
– Todos os indicadores apontam para um desempenho extremamente positivo da agricultura para este ano, o que sempre beneficia direta e indiretamente outros setores da economia do Estado – avalia Martinho Lazzari, diretor técnico da FEE.
O economista da Farsul concorda com o cenário positivo previsto para este ano.
– Teremos PIB chinês na agropecuária. O que o setor crescerá será suficiente para botar os outros no azul – afirma Luz.
Para a FEE há uma sombra de preocupação: os efeitos dos embargos às carnes, cuja dimensão ainda deverá ser avaliada, afirma Lazzari.
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