Na última década a evolução dos indicadores do mercado de trabalho na Região Metropolitana de Porto Alegre foi marcada por avanços na redução das desigualdades entre mulheres e homens. Já em 2016, esse processo foi interrompido nos indicadores de taxa de desemprego e de rendimento médio real por hora de trabalho. As informações foram divulgadas nesta terça-feira (7), pela Fundação de Economia e Estatística (FEE), o Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (DIEESE) e pela Fundação Gaúcha do Trabalho e Ação Social (FGTAS), pelo décimo Boletim Especial - Mulher e Trabalho, que analisa a inserção da mulher no mercado de trabalho na Região Metropolitana de Porto Alegre. A desigualdade entre as taxas de desemprego total feminina e masculina passou de 0,7 pontos percentuais em 2015 - menor patamar da série PED-RMPA - para 1,0 p.p. em 2016, interrompendo-se a trajetória de declínio iniciada em 2004. Outro indicador também revela que a trajetória da última década pode ter iniciado uma inflexão negativa. O rendimento médio real hora, considerado a análise mais precisa da diferença de renda entre mulheres e homens porque considera a jornada de trabalho, mostra que a proporção do rendimento/hora das mulheres em relação aos homens diminui de 88,0% em 2015 para 86,3% em 2016, isso porque a jornada feminina aumentou em uma hora, passando para 40h semanais enquanto a jornada masculina permaneceu estável (43h). O boletim mostra que houve redução do rendimento médio real dos ocupados em todos os setores de atividade econômica para ambos os sexos, mas em 2016, a retração do rendimento médio real na indústria de transformação e no comércio foi mais intensa para as mulheres, enquanto para os homens o setor de serviços foi mais acentuado. Comportamento diferente do que ocorreu em 2015, ano em que todos os setores tiveram redução mais intensa para os homens. Outros dados capturados pelo Informe mostram que a taxa de participação das mulheres diminuiu de 47,2% para 45,8% da PIA feminina, o inverso do que ocorreu no ano anterior, mas retoma a tendência de queda registrada de 2009 a 2014. Em 2016, o contingente de desempregadas foi estimado em 98 mil mulheres, acréscimo de 16 mil em relação ao ano anterior. Esse resultado deveu-se ao fato de que a redução na ocupação feminina (menos 38 mil ocupadas, ou -4,7%) foi superior à saída delas do mercado de trabalho (menos 22 mil pessoas, ou -2,4%). Em 2016, o nível ocupacional apresentou retração de 4,7% para ambos os sexos. O contingente de mulheres ocupadas foi estimado em 779 mil, sendo 38 mil a menos do que no ano anterior. Segundo a Pesquisadora da FEE, Patrícia Biasoli, o desempenho desfavorável do nível ocupacional das mulheres não foi pior, pois o setor mais impactado, com redução de 11,6%, foi a indústria, tradicionalmente com mão de obra masculina. A queda do nível ocupacional revelou-se desfavorável à formalização das relações de trabalho diante da intensa redução do emprego assalariado feminino (-7,2%) e masculino (-6,0%). Para as mulheres, observou-se redução tanto do emprego com carteira assinada (-7,6%) quanto do sem carteira (-2,9%). Mulher e Previdência O Informe Especial ainda fez um levantamento específico relacionando questões das mulheres e da Previdência Social para colaborar com o debate sobre possíveis reformas. Os dados revelam que em 2016 o percentual de mulheres que contribui para a previdência é maior que o dos homens. Do universo de trabalhadores que não contribuem para a previdência, 17,5 % são homens e 16,2%, mulheres. Desse total de mulheres que não contribui, 51,6% têm mais de 40 anos.
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