Hoje é celebrado o Dia Internacional da Mulher. A data, lembrada anualmente em 8 de março, foi criada para reforçar a luta pela igualdade das mulheres com os homens, seja nas questões relacionadas ao mundo do trabalho, no comportamento social e nos direitos políticos. Felizmente, muito se avançou no século passado e esse processo segue com avanços a cada dia, embora às vezes parece que nada muda. Desde 1934, por exemplo, as mulheres tem direito ao voto no Brasil. Parece uma coisa óbvia, mas o direito ao sufrágio universal passou por uma longa batalha das mulheres e isso em diversos países.
A discussão, nesse âmbito, atualmente, está ligada ao fato de que, embora possam se candidatar a cargos eletivos, as mulheres ainda são minoria nas Câmaras de Vereadores, Assembleias Legislativas e no Congresso Nacional. Em muitos casos, os partidos políticos não abrem espaço para novas lideranças femininas. Não é incomum, também, não conseguirem preencher a quota de 30% para candidatas mulheres, utilizando-se, as vezes, da reprovável prática de indicar candidatas “laranja”, ou seja, que apenas apresentam seus nomes para que a sigla cumpra com a legislação e atinja os 30% de ‘candidatas’ mulheres. Apesar dos pesares, é indiscutível que se avança nesse aspecto político a cada dia, com cada vez mais e melhor qualificadas representantes do sexo feminino que contribuem para a melhoria do Executivo, Legislativo e Judiciário.
O campo em que talvez ainda se precise avançar mais é o do trabalho, em que as mulheres buscam justiça, ou seja, ganhar o mesmo que os homens quando desempenham a mesma função e ter a possibilidade de chegar aos cargos de chefia, quando demonstram conhecimento e competência. Entretanto, não é o que está acontecendo. Por exemplo, pesquisa divulgada ontem - realizada pela Fundação de Economia e Estatística (FEE), Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos (Dieese) e Fundação Gaúcha do Trabalho e Ação Social (Fgtas) - aponta que cresceu a desigualdade entre os gêneros no mercado de trabalho na Região Metropolitana de Porto Alegre (RMPA).
Nesses tempos de crise, a taxa de desemprego das mulheres é superior a dos homens - 11,2% contra 10,2% na RMPA. Os pesquisadores perceberam também que os empregos das mulheres são mais “vulneráveis” que o dos homens, o que se reflete em um momento pelo qual o País passa por uma crise que, evidentemente, afeta as empresas. O levantamento também apontou que a carga horária de trabalho das mulheres, que já sofrem com a dupla jornada está aumentando na Região Metropolitana de Porto Alegre, enquanto a dos homens permaneceu estável. Outra questão é uma das mais debatidas, a da remuneração.
As mulheres ganham, na média, salários menores do que o dos homens no exercício da mesma função. Claro que cada caso é um caso e que há circunstâncias, mas é evidente que, ao realizar uma mesma função profissional, com a mesma carga horária, e receber um salário inferior ao do colega homem, há, sim, discriminação contra a mulher. Hoje é um dia de reflexão sobre tudo isso. E a luta das mulheres deve ser apoiada por todos, pois elas buscam justiça no mercado de trabalho, o que é bom para todos, numa época em que tanto se fala em meritocracia.
|