Ofortalecimento das redes de atendimento para mulheres com deficiência possibilitando que elas, em situação de violência, possam ser atendidas em centros de referência, delegacias de polícia, casas de abrigo e juizados. A reivindicação foi feita pela coordenadora do Grupo Inclusivass, Carolina Santos, que participou da Capacitação sobre a Inclusão de Mulheres com Deficiência nas Políticas de Enfrentamento à Violência Doméstica.
O evento foi realizado na última sexta-feira e no sábado no City Hotel Porto Alegre, no centro da Capital. O encontro discutiu temas como direitos humanos das mulheres, violência doméstica e políticas públicas para a garantia dos direitos das pessoas com deficiência. Segundo Carolina, as mulheres com deficiência querem também incluir no formulário do boletim de ocorrência policial o item “deficiência” e garantir o levantamento de dados sobre a violência contra as mulheres com deficiência nos juizados especializados. Carolina disse que outra reivindicação é a criação e divulgação de um número acessível para mulheres surdas e com dificuldades de fala notificarem os casos de violência, o que poderia potencializar o atendimento do disque 180 e do 0800.5410803 da Rede Lilás. Carolina, que é cadeirante, explicou que o curso capacita mulheres com deficiência nas políticas de enfrentamento à violência doméstica.
“Queremos a qualificação das redes de atendimento à violência doméstica para que estes locais sejam mais acessíveis e tenham atendimento mais humanizado”, frisou. Ela citou o exemplo de como uma mulher surda conseguirá registrar ocorrência de violência doméstica em uma delegacia de polícia. “Nas delegacias não existe um intérprete de Libras, o que dificulta a comunicação.”
RS é o 24º em homicídios
A violência contra a mulher é questão nacional muito grave. As mulheres estão expostas à violência dupla — na rua e no âmbito doméstico — ao contrário dos homens, que estão expostos, na maioria das vezes, apenas à violência no espaço público. A constatação é da economista da Fundação de Economia e Estatística (FEE), Clitia Helena Backx Martins, e da mestranda em Políticas Públicas da Ufrgs, Deisi Conteratto. Juntas elas realizaram o estudo “Violência de gênero e rede de proteção às mulheres no RS”, publicado na Carta de Conjuntura da FEE neste mês. Segundo Clitia Helena, existe uma vulnerabilidade das mulheres no âmbito familiar e a violência parte de pessoas conhecidas (parceiros, familiares e amigos).
Com relação à taxa de homicídios, ela disse que o Rio Grande do Sul não está tão “pior” no contexto nacional, mas as taxas são alarmantes. O Estado ocupa o 24˚ lugar, com 3,8 por 100 mil habitantes. O resultado está abaixo da média brasileira. Roraima com 15,3, Espírito Santo com 9,3, Goiás e Alagoas com 8,6 e Acre com 8,3 lideram as estatísticas de mortes contra as mulheres. Quanto às capitais, Porto Alegre situa-se também em 24˚ lugar, e Vitória, Maceió, João Pessoa e Fortaleza têm as piores taxas de homicídio. Deisi afirmou que, mesmo com redes de proteção à mulher e acesso a atendimento especializado às vítimas, seguem acontecendo crimes violentos. A economista citou ainda que o Brasil é considerado um país inseguro para mulheres inclusive com divulgação internacional.
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