O consumo residencial de energia elétrica aumentou 45,16%, de 2006 a 2015, segundo dados do Observatório da Realidade e das Políticas Públicas do Vale do Rio dos Sinos - ObservaSinos, programa do Instituto Humanitas Unisinos (riu), baseados em informações da Fundação de Economia e Estatística (FEE). Já o consumo industrial tem caído nos últimos anos em termos absolutos e percentuais na região, passando de 49,52%, em 2006, para 40,63%, em 2015. O consumo geral de energia elétrica no Vale do ' Sinos aumentou 17,49% neste período conforme o levantamento. Segundo a AES Sul, a taxa de consumo residencial na região representa, no período de uma década, crescimento de 4,1% ao ano.
O número de consumidores no Vale do Sinos cresceu em 83.600 ligações no período, equivalendo à média de 8.360 ligações/ano, taxa de 2,5% ao ano. Conforme a AES Sul, até 2011 o consumo médio crescia 1,4% ao ano. Mas nos anos seguintes o consumo aumentou ainda mais devido a incentivos para a aquisição de equipamentos e, consequente, mais posse de eletrodomésticos, com maior ênfase em 2012/2013, o que fez com que o consumo médio entre 2010 e 2013 crescesse a uma taxa de 2,2% ao ano. Na análise da AES Sul, em 2015, o consumo médio foi menor do que 2013, basicamente devido ao aumento tarifário e aceleração do nível de desemprego. Já em 2014 registrou-se um elevado consumo médio devido ao fortíssimo verão naquele ano.
INDÚSTRIA
De acordo com o levantamento da FEE de 2006 a 2015, o consumo de Megawatts por hora diminuiu em termos absolutos no meio industrial aproximadamente 56.000 MWh. Esta redução contrabalanceou o aumento dos grupos comercial e residencial. Além de aumento na participação, o consumo residencial que foi de 850.980 MWh em 2006 passou para 1.235.268 MWh em 2015, ou seja, aumento percentual de 45,16% na última década.
MAIOR PODER DE COMPRA NA ÚLTIMA DÉCADA
De 2006 a 2015, o consumo industrial em MWh caiu em metade dos 14 municípios da região. Os consumos residencial e comercial aumentaram em todos os municípios. Ainda assim, o consumo comercial, em porcentagem, da região (17,73°/)é menor que o do Estado (19,60%}. Já o industrial, em porcentagem, é maior no Vale do Sinos (40,63%) em relação ao Estado (29,39%). Além dos três tipos de consumo apresentados, há também os consumos do setor público e da zona rural, este último muito mais representativo no Estado do que na região do Sinos.
De acordo com o economista, pesquisador do Núcleo de Contas Regionais da FEE, Cesar Stallbaum Conceição, o que gerou este aumento de consumo nas residências é o fato de que na última década, até 2014, "a economia brasileira (e gaúcha) atravessou um processo de crescimento econômico com inclusão social, através da incorporação de grande parte da população no mercado de trabalho". Segundo o economista esse processo provocou uma maior demanda por eletrodomésticos e bens de consumo nas residências, especialmente da linha branca."Esse movimento pode ser observado através do maior consumo de energia elétrica, não apenas na região do Vale do Sinos, como também na economia gaúcha e brasileira", observa.
Termômetro da situação econômica
Para a FEE, o consumo de energia elétrica pode ser utilizado como um termômetro do nível de atividade, mas o economista observa que deve-se levar em conta que algumas empresas podem estar utilizando outras fontes de energia, tendo em vista a elevação do preço da energia observado em 2015. "O consumo pode ser um indicativo do nível de atividade ou da situação econômica."
PROCESSO PRODUTIVO FOI ALTERADO
Em São Leopoldo, o consumo residencial de energia elétrica aumentou de 29,54% em 2006, para 32,89% em 2015. O consumo de energia no grupo comercial também aumentou, passando de 17,12%para 18,52% neste período comparativo. Na indústria em termos absolutos houve aumento do consumo: em 2006, o setor consumia em média 218.411 MegaWatts por hora, passando, em 2015, para 252.887 MWh, porém, em porcentagem, diminuiu de 45,70% para 41,77%. O vice-presidente de Indústria da Associação Comercial, Industrial, de Serviços e Tecnologia de São Leopoldo (Acist-SL), Davi Dalcin, destaca que estes dados na indústria são mais um indicador da queda da atividade econômica dos últimos meses e que vem somar-se a um processo de desindustrialização de vários anos. "As indústrias tiveram que mexer no seu processo produtivo, reduzindo horas de trabalho, o que impacta diretamente no consumo", diz.
ELES DISSERAM
ALEX MACHADO, 47 anos, policial militar
"Na minha casa, para economizar, eu troco as lâmpadas normais pelas econômicas, todos os eletrodomésticos eu tiro da tomada para economia."
VERA LÚCIA DA COSTA, 47 anos, monitora
"Na minha opinião aumentou bastante a conta de energia. Não podemos mais usar o ar-condicionado porque a conta vem muito alta."
ADIVINO BORGES, 65 anos, aposentado
"As contas de luz já foram mais caras, hoje nem tanto. Para economizar abro a geladeira só o necessário e substitui o ar-condicionado pelo ventilador."
CLAUDETE HOFFMAN, 35 anos, atendeste comercial
"Sempre desligo as luzes que vejo ligadas desnecessariamente e tiro tudo da tomada. Lavava roupa quase todos os dias, hoje laço isso três vezes por semana.
Consumo total (Ver imagem)
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