Puxada pela abertura de vagas na indústria, a taxa de desemprego voltou a cair na região metropolitana de Porto Alegre. Em maio, o número de desocupados foi de 195 mil – grupo equivalente a quase quatro estádios como a Arena ou o Beira-Rio lotados ou 10,2% da população economicamente ativa.
No mês anterior, eram 198 mil pessoas sem trabalho e o índice era de 10,5%. Em março, pior resultado no ano, chegou a 10,7%. Os dados constam na Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED- RMPA), divulgados ontem por Dieese, Fundação de Economia e Estatística (FEE) e Fundação Gaúcha do Trabalho e Ação Social (FGTAS).
A redução da taxa ocorreu como resultado da abertura de vagas, principalmente na indústria de transformação, onde foram criados 12 mil postos de trabalho em maio. O segmento é um dos mais atingidos pela crise e um dos que mais havia demitido desde o início da recessão.
O setor de serviços também abriu 12 mil postos no mês, seguido por construção civil (mais 6 mil) e comércio (mais 4 mil). A ampliação do número de assalariados ocorreu em maior parte do mercado formal. Dos 29 mil postos criados no setor privado, a estimativa é de que 23 mil sejam de carteira assinada e 6 mil sem carteira.
O estudo também aponta elevação entre os trabalhadores autônomos – acréscimo de 6 mil. O nível ocupacional entre empregados domésticos caiu 6 mil, recuo de 6,7% do total de trabalhadores do setor.
LEVANTAMENTO ESTÁ SOB RISCO
Após 24 anos sendo realizada todos os meses, a pesquisa, considerada o mapa mais completo do mercado de trabalho gaúcho, corre o risco de ser interrompida. O impasse resulta das dúvidas sobre o gerenciamento dos recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), vinculado ao Ministério do Trabalho.
Desde 1993, o governo federal remete verbas do FAT para a FGTAS, que, por sua vez, transfere valores para administração das agências do Sine e para equipe responsável pelo desenvolvimento da pesquisa.
A administração da FGTAS quer uma garantia por escrito do novo ministro do Trabalho, Ronaldo Nogueira, de que os repasses continuarão ocorrendo antes de assinar novo contrato com os trabalhadores terceirizados que realizam o levantamento de dados. Nogueira, que já foi presidente da FGTAS, garantiu em reunião anterior com a direção nacional do Dieese que os recursos serão encaminhados, mas não emitiu nenhum documento confirmando o repasse.
Para economistas e especialistas em mercado de trabalho, a interrupção da PED seria uma grande perda, já que a pesquisa serve de referência para os trabalhos desenvolvidos pelo IBGE.
O último contrato estabelecido vence hoje. Sem uma resposta oficial do ministério até o último dia de junho, a pesquisa é tecnicamente descontinuada. Os trabalhadores envolvidos diretamente nas entrevistas já estão de aviso prévio.
No país, estabilidade
O desemprego no Brasil ficou em 11,2% no trimestre encerrado em maio, segundo dados divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No período de março a maio, havia cerca de 11,4 milhões de pessoas desocupadas no país. A taxa é a mesma do trimestre encerrado em abril. Assim, novamente, é a maior já registrada pela série histórica do indicador, que teve início em janeiro de 2012.
Uma das válvulas de escape para quem perdeu emprego, o trabalho autônomo (conhecido como por conta própria) está se “esgotando”, segundo o coordenador de Trabalho e Renda do IBGE, Cimar Azeredo. Até maio, eram 22,97 milhões de pessoas no país atuando nessa categoria, 1,3% a menos do que nos três meses anteriores. É a maior queda desde o período de fevereiro a abril de 2014. O motivo mais óbvio desse encolhimento é que a crise tornou menos favorável empreender.
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