Eleições e Copa do Mundo no Brasil e as interrogações quanto ao desenvolvimento das economias norte-americana e europeia são fatores que tornam mais difíceis as projeções para 2014. No entanto, a perspectiva é de que o ano que vem não apresente grandes crescimentos para o País.
Esses foram alguns dos apontamentos feitos ontem durante a reunião-almoço da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee), em Porto Alegre. Na ocasião, o economista Igor Morais, que atuou durante oito anos como economista-chefe da Fiergs, comentou que 2014 apresenta-se como um cenário de muitos riscos para o Brasil, que podem comprometer o crescimento.
O analista destaca que existem temeridades internas e externas. Entre as quais estão a revisão da política monetária do banco central norte-americano, podendo interromper os estímulos concedidos, a revisão do orçamento dos Estados Unidos quanto à limitação do endividamento do governo e a possibilidade de um tímido desenvolvimento europeu. No âmbito nacional, há ainda questões como a conta pública do governo federal deteriorada, riscos inflacionários e a campanha eleitoral.
O economista projeta que o PIB no ano que vem deve aumentar algo próximo a 2,5%. “Mas estamos um pouco longe do crescimento de cerca de 4% que todos gostariam”, enfatiza Morais. Quanto ao Rio Grande do Sul, o analista ressalta que o Estado “vive do tempo”. “Quando o clima é bom, há um crescimento forte da agropecuária; quando é ruim, despenca o PIB.” Porém, o economista acredita que, se não houver grandes distorções, o Rio Grande do Sul deve ter um desempenho próximo ao do Brasil.
Entre as previsões para os próximos meses está a expectativa de que o endividamento total das famílias continue a aumentar, concentrando em imóveis e restringindo a renda para consumo de outros bens. Além disso, a renda real não deve acompanhar a evolução do crédito e a inflação maior pode resultar em mais dificuldades para a renda disponível.
Particularmente, para o setor da indústria elétrica e eletrônica, 2014 também se mostra como uma incógnita, diz o presidente da Abinee, Humberto Barbato. Sobre 2013, o dirigente afirma que, apesar de esperar uma elevação de faturamento de cerca de 5%, alcançando algo em torno de R$ 151 bilhões, não foi um ano bom para o setor. Até porque o incremento da atividade industrial do segmento foi de apenas 2%. “O que demonstra que boa parte da demanda foi atendida pelas importações”, explica Barbato.
O dirigente enfatiza que o câmbio, assim como a carga tributária, são fatores que têm contribuído para diminuir a competitividade da indústria elétrica e eletrônica. Para o presidente da Abinee, uma cotação que traria conforto para as empresas seria o dólar a R$ 2,70. No Estado, o diretor regional da Abinee, Régis Sell Haubert, adianta que o crescimento da área deverá ser de cerca de 6%, atingindo em torno de R$ 7,7 bilhões. Entre os destaques da atividade da indústria eletroeletrônica estão bens como tablets e smartphones. Já o presidente do Sinmetal, Gilberto Petry, comenta que na área de manufaturados também se percebe a entrada de muitos produtos importados, o que prejudica a atividade. O empresário lamenta ainda os custos internos elevados, principalmente no que diz respeito à mão de obra.
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