30/01/2014
Zero Hora
Rosane de Oliveira | Pág. 12
Clipado em 30/01/2014 03:01:47
Tomografia do transporte coletivo

Quem se der o trabalho de ler o relatório de inspeção especial escrito pelos auditores Airton Roberto Rehbein e Francisco Barcelos, do Tribunal de Contas do Estado, terá uma tomografia do sistema de transportes da Capital, dado o nível de detalhamento das informações. O trabalho dos auditores revela algumas surpresas que vão desagradar aos que consideram os empresários do setor privado os vilões da crise no setor. O trabalho vai decepcionar principalmente quem acha que a estatização do sistema seria a solução para todos os males.

A tomografia feita pelos auditores permitiu diagnosticar a doença que faz a Carris ter prejuízo, apesar de operar as melhores linhas: gestão (ou falta de). Se o sistema de Porto Alegre operasse pelo padrão da Carris, metade dos ônibus teria ar-condicionado, os motoristas e cobradores ganhariam mais, porque teriam um plano de carreira generoso, e os escritórios e as oficinas teriam mais funcionários – e mais chefes e chefetes. E a passagem, em vez de R$ 2,80, custaria R$ 3,55. Será que os usuários aceitariam pagar essa tarifa? Hoje, a Carris opera com prejuízo. Em 2012, a prefeitura teve de aportar R$ 22 milhões para fechar as contas. Em 2013, o rombo subiu para R$ 40 milhões, segundo técnicos do TCE.

Os defensores do modelo estatal vão ranger os dentes diante das conclusões dos auditores, mas o relatório, que está disponível no site do Tribunal de Contas, mostra que a Carris pressiona o custo da tarifa para cima, já que os cálculos são feitos pela média de gastos. O custo por quilômetro em Porto Alegre é de R$ 5,72, um dos mais altos do Brasil. O da Carris é de R$ 7,03.

A auditoria derruba outro mito, o de que a redução da tarifa estimularia as pessoas a trocarem o carro pelo ônibus. Os números mostram o contrário: em 2012, o sistema transportou o equivalente a 18.669.678 passageiros. Em 2013, com a passagem mais barata, foram cerca de 400 mil passageiros a menos, o que significa redução no lucro das empresas.

Os gastos com pessoal respondem por 41% do custo das tarifas de ônibus em Porto Alegre, contra 46% em Fortaleza e 38% em Florianópolis.

DEFINIÇÃO ATÉ MARÇO

A data-limite para a definição dos candidatos do PMDB ao Piratini e ao Senado deverá ser 15 de março. Ontem, em reunião na sede do partido, ficou definida a convocação dos membros da Executiva para o dia 10 de fevereiro. Neste dia, o presidente da Juventude da sigla, Daniel Kieling, vai propor que a decisão sobre os indicados do partido saia até a metade de março, ideia que conta com a simpatia do presidente estadual, Edson Brum.

– Está na hora de surgirem os nomes. Já temos dois pré-candidatos ao Piratini, José Ivo Sartori e Paulo Ziulkoski, o que mostra o fortalecimento da discussão interna – afirma Brum.

Em relação ao Senado, o PMDB ainda aguarda uma manifestação de Pedro Simon sobre a sua candidatura.

Simon e o ex-governador Germano Rigotto, que deseja concorrer ao Senado, dividiram a mesa na noite de terça-feira, na festa dos 80 anos do ex-ministro Luis Roberto Ponte. No jantar, com a presença de políticos de diferentes partidos, estava também Ziulkoski, que ficou em outra mesa. Questionado sobre a candidatura ao Piratini, Sartori apenas sorriu.

PTB se reencontra para discutir vice

Após um período de recolhimento, fruto da Operação Kilowatt, que respingou em integrantes do partido, o PTB vai retomar, em reunião na tarde de hoje, a discussão sobre quem será o indicado para ser o candidato a vice-governador de Tarso Genro.

Em almoço na sede do partido, líderes da sigla pretendem definir quem serão os interlocutores no debate com o governo. Embora os dois lados neguem publicamente, a relação entre o presidente do PTB e secretário de Obras, Luiz Carlos Busato, com a cúpula do Piratini ficou desgastada com os desdobramentos da operação da Polícia Civil.

Líderes do PTB dizem que, sem Sérgio Zambiasi, o nome preferido do governo para a vaga é o de Luis Augusto Lara, mas ele afirma que não pretende concorrer. O deputado federal Ronaldo Nogueira, ligado à Igreja Assembleia de Deus, é opção.

Entrevista exclusiva

Em mais uma entrevista para analisar o impacto do capitalismo na sociedade brasileira e mundial, o governador Tarso Genro falou ontem ao site Leitura Global, entrevistado pelo próprio assessor de imprensa.

Tarso criticou a reportagem de Zero Hora, publicada ontem, sobre gastos do governo com diárias:

“Não posso deixar de achar engraçado, por exemplo, quando os jornais ou comentaristas políticos ligeiros avaliam os gastos com ‘diárias’, ‘despesas de viagem” e outros itens dos gastos públicos, sem relacioná-los com o programa de governo que está em curso”, afirmou.

O governador poderia ter opinado sobre o fato de o Detran gastar R$ 1,5 milhão no aluguel de sete andares de um prédio por quase um ano sem usá-los, mas a questão não foi abordada na entrevista.

Fortunati reclama

Em seu blog, o prefeito José Fortunati reclamou da abertura da Página 10 de ontem.

Com o título “Caixa-preta ou discussão técnica”, Fortunati diz no primeiro parágrafo: “Mais uma vez, a dupla Rosane de Oliveira e Geraldo da Camino se une para atacar a prefeitura de Porto Alegre. Aliás, isto não surpreende a mais ninguém pois os ‘paladinos da justiça’ tentam impor ao Paço Municipal responsabilidades que não conseguem provar...”

Leia mais em www.zerohora.com/blogdarosane.

Conduta vedada

Publicada ontem no Diário Oficial do Estado, uma ordem de serviço do governador estabelece uma série de regras para os servidores públicos e agentes políticos neste ano eleitoral. Um dos incisos afirma que é conduta vedada “manifestar preferências partidárias em horário de expediente, inclusive nas redes sociais como Twitter e Facebook”.

A pergunta é: os servidores que costumam fazer militância nas redes sociais durante boa parte do dia vão cumprir a norma?

ALIÁS

A greve dos rodoviários mostrou que, além de cara, a Carris não serve como reguladora da oferta de serviços: seus funcionários aderiram à paralisação, sem necessidade de piquetes em frente à garagem.