Ficou evidente ontem, na cerimônia de assinatura do contrato de locação do prédio que irá abrigar o consulado norte-americano em Porto Alegre, que a intenção prioritária do governo de Barack Obama não é a concessão de vistos, mas intensificar as relações comerciais com o Brasil, especialmente com os Estados que irão abrigar as novas sedes, Rio Grande do Sul e Minas Gerais.
Aos olhos dos americanos, o país “está emergindo de forma importante” e os setores industrial, siderúrgico e agrícola são as principais áreas de interesse de futuros negócios, ressaltou o embaixador Thomas Shannon (ao centro na foto).
O presidente da Fiergs, Heitor Müller, considera que a reabertura do consulado na capital gaúcha “tem dimensão muito maior” do que a emissão de vistos e que a base servirá para ampliar negócios e recolocar os EUA como o principal destino das exportações. Mas classifica como fundamental que a cidade conte com voo direto aos Estados Unidos:
– Já estamos tratando a questão, a maior dificuldade atual. É importante facilitar o trânsito de americanos e gaúchos entre os dois países, como ocorreu com os países da Europa após a chegada da TAP.
Para o presidente da Farsul, Carlos Sperotto, o consulado será um polo de decisões e de aproximação do Estado com os EUA, não só nas áreas diplomática e de turismo, mas especialmente comercial:
– Teremos a oportunidade de acolher delegações e discutir negócios com fundamento, sem criar um quadro de divagações.
Mãozona artificial
Quando se fala que a economia brasileira ainda é uma das mais fechadas do mundo, parece exagero. Não é. Uma série de regulamentos, normas e medidas do gênero nos “protege” da concorrência externa. Claro que precisamos de proteção em alguns setores até mesmo para que possam se desenvolver e, em etapa posterior, contar com condições para disputar em igualdade – ou pelo menos não tão em desvantagem – com outros países um naco do comércio internacional. Acima de tudo, porém, o que precisamos é elevar nossa competitividade para ficarmos em situação melhor para competir. E essa competitividade, sabemos, virá depois de reformas internas no país, com redução de custos e melhora da qualificação.
Portanto, fica difícil entender a ideia do governo federal de ampliar o programa de compras governamentais, dotando-o de maior estímulo à indústria nacional. A ideia do Planalto é estender a produtos fabricados no Brasil a política de margem de preferência, que autoriza gastos até 25% maiores para bens produzidos no país, em detrimento dos importados.
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A indústria nacional não precisa da mãozinha (ou mãozona?) da União para ser beneficiada em processos de concorrência. Se tiver condições semelhantes à de seus concorrentes do Exterior – impostos, infraestrutura, menos burocracia, energia cara, entre outros obstáculos – terá, sim, como ir além. E o governo não precisará pagar mais para determinado bem nacional.
É só começar a reforma aqui mesmo e deixar o ambiente de negócios fluir como deveria ser sempre. Sem artifícios.
Sem pai?
Com apenas um ano e meio à frente da Oi, o gaúcho Francisco Valim (foto) não é mais o presidente do grupo. O novo CEO é José Mauro Cunha, que se licenciou do cargo de presidente do conselho de administração. A saída do executivo seria consequência do resultado abaixo do esperado da operadora no ano passado. Com isso, azedou a relação de Valim com alguns acionistas.
Em relatório, o Merrill Lynch classificou, porém, a informação como “surpreendente”, pois a recuperação da companhia ainda está em estágio inicial. E um analista de mercado, segundo o qual Valim é “bem visto por investidores”, argumentou que, com o afastamento, o plano de mudanças na Oi “fica sem pai”.
Incentivo
A Sogipa foi uma das primeiras instituições a aprovar projeto na nova lei de incentivo ao esporte do Estado. Com três medalhas olímpicas em Pequim e Londres, o clube foi autorizado a captar R$ 613,3 mil com empresas privadas, para preparação de atletas aos jogos de 2016. E a negociação está avançada para captar 100% dos recursos com empresa de telecomunicações, com anúncio nos próximos dias.
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