O Rio Grande do Sul está empenhado em abrigar o segundo polo aeroespacial do País. E, caso consiga, sua primeira meta será viabilizar a construção de um satélite artificial com alta tecnologia produzida por empresas gaúchas. Para isso, aguarda com ansiedade a divulgação dos editais que vão selecionar as empresas que serão responsáveis pela fabricação de 16 satélites e lançadores, até 2020.0 projeto integra o Programa Nacional de Atividades Espaciais (PNAE), liderado pelo Ministério de Ciência e Tecnologia, Ministério das Comunicações e Embraer.
No dia 29 de abril, o governo estadual assinou, em Israel, um convênio com a AEL Sistemas —empresa subsidiada pela israelense Elbit — para desenvolver, em Porto Alegre, um polo aeroespacial. Pelo menos 12 engenheiros gaúchos já se qualificam na sede da Elbit em Israel para mais tarde retornar e trabalhar no Estado. "Nossa tarefa é ajustar os mecanismos que viabilizem a atração de investimentos nesse setor atrelado à nossa estratégia de desenvolvimento", destacou o governador do Estado, Tarso Genro, durante a missão ao país do Oriente Médio.
"Nós queremos articular as nossas empresas para que elas sejam as fornecedoras da maior qualidade possível de tecnologia colocada ali dentro, o que vai depender do nível de nacionalização colocado pelo Ministério", frisa o secretário estadual de Ciência, Inovação e Desenvolvimento Tecnológico, Cleber Prodanov. Ele destaca que o Estado tem as potencialidades para assumir o segundo posto em desenvolvimento aeroespacial.
"0 Rio Grande do Sul tem uma empresa ampla, muito forte, que é a AEL, subsidiada pela israelense Elbit, que desenvolve equipamentos de aviônica. E temos também um complexo industrial que passa pela indústria eletroeletrônica, software, produtora de semicondutores, capaz de fornecer e criar condições para que, dentro do Rio Grande do Sul, a gente possa integrar a construção de um satélite", ressalta.
RS na corrida pelo satélite de banda larga
Uma das principais investidas tecnológicas do Brasil é a construção do satélite que irá levar Internet a todos os municípios brasileiros, tanto banda larga fixa como a 3G. O governo gaúcho está de olho neste projeto e trabalha como articulador junto a empresas locais, parques tecnológicos, universidades e o próprio governo federal. "As empresas ganhadoras desta mega licitação, que vão executar a fabricação de satélite, terão que subcontratar empresas locais e nacionais para fazer essa integração com a tecnologia. Trabalhamos para que essas empresas sejam gaúchas e queremos é atrair essa montagem ao nosso parque industrial e científico tecnológico", salienta o secretário Cleber Prodanov.
No último dia 3, a Visiona Tecnologia Espacial S.A, empresa formada pela associação entre a Telebras e a Embraer, divulgou o nome da Mitsubishi Eletric Corporation (Melco), Space System/Loral e Thales Alenia Space como as pré-selecionadas para o fornecimento do sistema do Satélite Geoestacionário de Defesa e Comunicações Estratégicas. O projeto é em conjunto com os ministérios das Comunicações, da Defesa e de Ciência e Tecnologia e Inovação.
Tecnologia gaúcha que desponta ao espaço
Três setores estratégicos do Rio Grande do Sul são as apostas gaúchas para se consolidar na corrida espacial: os segmentos de semicondutores e softwares; defesa; e eletroeletrônica, automação e telecomunicações. "A ideia é usar a nossa base industrial que já está aí, nossas indústrias de softwares, eletroeletrônicas, a de equipamentos de comunicação, a fábrica de semicondutores, esse é o nosso grande ativo, o grande diferencial em relação a outros Estados. Temos uma cadeia basicamente completa", frisa Cleber Prodanov.
Ele destaca que três das oito melhores universidades privadas e públicas do País, Ufrgs, Unisinos e PUC-RS, estão na região metropolitana de Porto Alegre, assim como parques científicos e tecnológicos como o TecnoPuc, o Tecnosinos de São Leopoldo, o Valetec de Campo Bom, o Centro de Empreendedorismo e Parque Tecnológico de Canoas, além de suas incubadoras e startups. Na área de defesa, o Estado já possui o segundo maior contingente militar do Brasil, e no terceiro segmento, desponta em eletroeletrônica, automação e telecomunicações.
Investimentos
Em 2012, o Programa Nacional de Atividade Espaciais (PNAE) investiu R$ 554,5 milhões. Neste ano a previsão é de R$ 1 bilhão. Cerca de R$ 100 milhões serão para missões espaciais, R$ 112,4 milhões em acesso ao espaço, R$ 339,3 milhões em infraestrutura, R$ 70,8 milhões em tecnologias criticas e desenvolvimento de competências, e R$ 452,4 milhões em projetos em parceria, que também utilizam verbas de outras fontes. Em 10 anos, a perspectiva de investimento é de R$ 9,1 bilhões.
O lançamento
O secretário Cleber Prodanov explica que, embora o Estado possa ser a base de construção de grande parte dos componentes dos satélites, eles não poderiam ser lançados em solo gaúcho. Uma das possibilidades é fazer o lançamento em Alcântara, no Maranhão, porque lá a força gravitacional é menor e precisa de menos energia. Outra possibilidade é fazer o lançamento fora do País. A primeira já seria a partir de 2015.
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