Desde o dia 1º de junho, o alemão Philipp Schiemer, 49, é o novo presidente da Mercedes-Benz do Brasil e também o CEO para a América Latina. Sua principal missão é concluir o projeto que determinará onde será a nova fábrica nacional de carros de passeio da marca.
Com 14 anos de experiência no país e passagem pela vice-presidência de marketing da divisão de automóveis na Alemanha, o executivo é cauteloso ao falar sobre os planos futuros.
Apesar de dividir com a VW a liderança na produção de veículos pesados no Brasil, a Mercedes não obteve o mesmo sucesso quando apostou na montagem da primeira geração do Classe A em Juiz de Fora (MG), em 1999. As vendas ficaram abaixo do esperado, e o carro foi descontinuado seis anos depois.
Sobre qual modelo a empresa alemã fabricará no país, ele afirma que ainda não há decisão. "É natural olharmos para o Classe C, nosso sedã mais vendido e líder de seu nicho no Brasil. Outra opção seria um utilitário esportivo, pois esse tipo de carro faz muito sucesso no país."
Em entrevista à Folha, Schiemer afirma que o resultado dos estudos de viabilidade saem ainda neste ano.
Folha - Como estão os planos de construção de uma fábrica de automóveis no Brasil?
Philipp Schiemer - Estamos convencidos de que é viável ter uma nova fábrica de carros aqui e precisamos decidir onde. Continuamos conversando com o governo federal e também com os Estados para definir questões de logística, área de terreno e acesso. A localização da fábrica também influenciará nos custos de instalação e no retorno do investimento.
Isso confirma que a decisão de produzir localmente já foi tomada?
Nós ainda não tomamos a decisão de ter uma fábrica. O estudo da localização faz parte do cálculo de viabilidade do projeto de produção no Brasil.
Que locais estão sendo considerados?
Estamos falando com vários Estados, entre eles São Paulo e Minas Gerais, onde já temos fábricas, além de Rio de Janeiro e Santa Catarina. Mas isso não quer dizer que um desses quatro será o escolhido.
Os incentivos propostos pelos Estados devem ter uma grande influência na decisão.
Incentivos são importantes, fazem parte do cálculo, mas não são o critério mais relevante, pois terminam ou mudam. O ponto principal agora é a logística.
Quando os estudos deverão ficar prontos?
O projeto será levado ao conselho da Daimler na Alemanha. Pretendemos informar isso o mais rápido possível, ainda neste ano.
É possível dividir a linha de produção com o Grupo Renault-Nissan na futura fábrica de Resende (RJ), já que a parceria global foi anunciada no último Salão de Paris?
No momento, não temos nenhum veículo que compartilhe plataforma com um modelo Nissan.
Isso afasta um pouco a possibilidade de termos um carro sendo produzido na mesma unidade. Conceitualmente, quando tivermos um projeto desenvolvido em conjunto, isso fará sentido.
Que carros poderão ser fabricados no Brasil?
É natural olharmos para o Classe C, nosso sedã mais vendido e líder de seu nicho no Brasil. Outra opção seria um utilitário esportivo, pois esse tipo de carro faz muito sucesso no país.
Pode ser o GLA, SUV compacto que será lançado na Europa e já foi apresentado na China. Trata-se de um produto interessante para o mercado brasileiro.
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