14/09/2017
Diário de Canoas
Comunidade | Pág. 7
Clipado em 14/09/2017 04:09:26
PIB mostra retomada da economia
Crescimento no Estado foi de 2,5% no segundo trimestre e de 2,1% nos primeiros seis meses

Porto Alegre - Em meio ao momento de turbulência política nacional, as boas notícias precisam ser saudadas. E elas vêm da economia, mais precisamente de um indicador essencial à produção, desenvolvimento e empregabilidade: o Produto Interno Bruto (PIB), ou a soma das riquezas produzidas pelos diferentes setores.

No Rio Grande do Sul, ele foi positivo em três variáveis. No comparativo com igual período do ano passado, a soma do primeiro semestre mostrou a elevação do PIB em 2,1%, com 2,5% no segundo trimestre. Se comparado o segundo trimestre aos três primeiros meses do ano, a alta foi de 0,7%.

Os dados foram revelados ontem, em Porto Alegre, pela equipe de pesquisadores do Núcleo de Contas Regionais (NCR), da Fundação de Economia e Estatística (1-,Ft.). A principal influência no desempenho positivo do PIB gaúcho veio da agropecuária, que cresceu 11,7% no semestre.

Entretanto, outros dois setores também ajudaram a fazer a diferença, ainda mais se comparados aos números brasileiros. "O diferencial foi o desempenho do comércio no setor dos serviços e da indústria de transformação no setor da indústria, significativamente superior ao desempenho nacional nessas áreas", destacou o coordenador do NCR, economista Roberto Rocha, exaltando os 1,9% positivos da indústria de transformação e o 1,3% do comércio, ante o 0,0% do País nos dois segmentos.

EXPECTATIVA SEGUE POSITIVA

Se no primeiro semestre a agricultura foi a principal alavanca, em função das safras, nos próximos seis meses a força desse setor tem tendência natural de queda. Contudo, Roberto Rocha mantém o otimismo. "Se formos analisar o desempenho do segundo trimestre da agropecuária gaúcha não foi tão bom quanto o do Brasil. E játivemos da indústria de transformação e do comércio uma contribuição muito forte neste sem estre.0 terceiro bimestre é geralmente o de melhor desempenho da indústria de transformação, com formação de estoque para o final do ano."

DESCOLAMENTO DA POLÍTICA

Questionado sobre um possível descolamento da economia dos tsunamis políticos diários do País, o que explicaria supostamente o crescimento do PIB, Roberto Rocha ponderou. "É uma questão muito difícil. Não vimos no momento nenhuma decisão de política econômica que tenha sido revertida ou mudança busca devido às questões políticas. Então, a economia vem reagindo, as exportações vêm sendo feitas e as empresas trabalhando mercados, neutralizando possíveis mudanças bruscas das questões e debates políticos no Congresso e Executivo", argumentou.

MOTIVAÇÕES PARA O DESEMPENHO

Segundo Roberto Rocha, as motivações para o crescimento no semestre da indústria de transformação se devem à indústria do fumo, que teve alta 402%, junto com máquinas, motores, combustíveis e produtos de metal.

"Associamos isso à capacidade exportadora da nossa indústria, tanto como fornecedora para o Brasil como para o exterior, que é o caso dos automóveis, com +15,7%", assinalou. Na análise sobre os bons números do comércio, o economista justificou os fatores para o saldo positivo.

"A melhoria no mercado de trabalho, com taxas menores de desemprego que no Brasil, a liberação de saldo do FGTS, a taxa da inflação, que permite com preços menores o aumento da renda e compra de outros itens, e o efeito da agropecuária nas pequenas propriedades, a melhoria da renda no campo, que impacta no comércio de municípios do interior", ilustrou Rocha.

ABERTURA DE OPORTUNIDADES

O desempenho do PIB traz boas perspectivas para os gaúchos, de acordo com o economista da Fundação de Economia e Estatística (FEE), Alfredo Meneghetti. "Tem efeitos multiplicadores na economia gaúcha. O cidadão recebe estes efeitos na abertura de oportunidades que se relacionem com o agronegócio e a possibilidade de aumento de renda neste segmento", conclui. Para ele, a interrupção da queda e a projeção de crescimento, mesmo que tímido, trazem perspectivas de um 2018 melhor.

Preocupação e otimismo

"Na indústria, não sentimos este reflexo positivo, pelo contrário, foi de queda. Este período costumava ser de aumento de vendas, mas não está ocorrendo, esperamos que os pedidos cheguem até o final do ano. Infelizmente, as expectativas não são boas." "0 crescimento do PIB, impulsionado pelo agronegócio, é muito interessante para a região, já que temos empresas instaladas voltadas para este mercado. O setor de serviços também está muito bem e ganhará mais um impulso com o novo shopping."

ROBERTO MACHEMER, presidente do Sindicato da Indústria Metal Mecânica de Canoas e Nova Santa Rita (Simecan)

ELTAMAR SALVADORI vice-presidente da Câmara da Indústria, Comércio e Ser. viços (00 de Canoas