14/09/2016
Diário de Canoas
Negócios | Pág. 8
Clipado em 14/09/2016 04:09:34
Construção civil mostra reação da economia
Setor registrou alta de 1% no Estado em meio à queda geral

A saída do atoleiro financeiro em que o Brasil se meteu nos últimos meses começa a emitir sinais reais, mesmo que ainda tímidos. É o que pode ser visto no crescimento de 1% do setor da construção civil no segundo trimestre deste ano, em comparação a igual período de 2015. O número foi divulgado ontem pelo Núcleo de Contas Regionais da Fundação de Eco
nomia e Estatística (FEE), com o resultado do Produto Interno Bruto (PIB) gaúcho de igual período, que ficou negativado em 3,1%, mas em margem menor que o brasileiro, que fechou em -3,8%.

Se o percentual de crescimento da construção civil é modesto, também mostra que a elevação é a primeira do segmento após oito trimestres consecutivos de queda, o que tem peso significativo num setor que é um dos pilares da economia, além de essencial para a geração de empregos. Em junho, 28,1 mil postos de trabalho na construção civil foram fechados no Brasil, sendo 393 no Rio Grande do Sul, conforme dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho.

NIVEL BAIXO
"Temos um nível muito baixo de atividade, que está menos do que 50% do nível normal de utilização em junho, mas melhor que o nível de atividade em junho de 2015", destaca o coordenador do Núcleo de Contas Regionais da FEE, economista Roberto Rocha, ao assinalar que a subida, mesmo que a conta-gotas, impacto na ocupação tanto de empregados formais quanto por conta própria. "A gente vê um crescimento muito grande do emprego, mais de 10% de ocupação", ilustra.

IÇAEDINDO O CRESCIMENTO
Bons exemplos que ilustram o crescimento de 1% na construção civil estão em levantamentos recentemente divulgados. Um deles, da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicilio (Pnad/IBGE). Entre abril e junho do ano passado, o total de pessoas ocupadas no setor era de 371 mil, passando para 408 mil em igual período deste ano. Elevação de 10%. O nível de atividade em relação ao usual da construção civil, medido pela Federação das Indústrias do RS (Fiergs), era de 31% em junho de 2015, mas fechou em 33,5% neste ano. Outro bom termômetro é estudo da prefeitura de Porto Alegre sobre a arrecadação de impostos sobre a transmissão inter-vivos de bens imóveis da capital. Em junho de 2015, bateu em R$ 20 milhões, mas pulou para R$ 24.355 milhões em junho deste ano, numa taxa de crescimento de 21,1%.

PIB GAÚCHO X BRASILEIRO
Mesmo que negativo em 3,1% o desempenho do PIB gaúcho do segundo trimestre mostra que o indicador vem reduzindo sua perda. No quatro trimestre do ano passado ficou em -6,4%, caindo para -4,4% no primeiro bimestre deste ano. No comparativo com os dados nacionais, pelo segundo trimestre consecutivo o desempenho da economia local é superiora nacional em todas as grandes atividades: agropecuária (-0,8% no RS e -3,1% no Brasil), indústria (-2,5%e -3% respectivamente) e serviços (-2,0%e -3,3% respectivamente).

POR ONDE PASSAM AS MELHORAS
O economista e diretor técnico da FEE, Martinho Lazzari entende que a melhora no curto prazo da economia gaúcha está atrelada a duas variáveis. "Depende da continuidade dos fatores positivos que impactaram a economia regional no último trimestre, como os bons desempenhos das exportações e das atividades de construção", pontua. Sobre a retomada no médio prazo, diz que essa projeção está ligada ao cenário nacional, mas também "dependerá das condições climáticas que podem afetar a agropecuária do estado durante a próxima safra de verão".

QUEDAS MENORES
O cenário recessivo segue preocupando. Contudo, a economia emite sinais de que uma possível saída do buraco pode estar logo ali na frente. Exemplos são os -5,3% na indústria de transformação no segundo trimestre, ante -7,6% nos primeiros 90 dias do ano. Fruto da melhora da maioria das atividades tanto pelo crescimento quanto pela redução da queda. A explicação, dá a FEE, vem da exportação da indústria de transformação, que cresceu 13,5% em volume em abril, maio e junho.A redução na queda também ocorreu no setor de serviços. Ficou em -6,8%. No primeiro bimestre, bateu em -8,3%. Neste segmento, destaque para a atividade de transporte, que cresceu 1,4% no segundo trimestre, em função da reativação do setor industrial. Já na agropecuária, embora o -0,8%, também houve melhoria com relação ao primeiro trimestre, pelo desempenho da safra de soja no período. Já o arroz, devido a problemas climáticos, e o milho, pela redução da área plantada, prejudicaram o Valor Adicionado Bruto (VAB) do setor. A pecuária manteve a contribuição positiva.