Encurralado e enrolado na sua ética monopolista do Bem, o PT anda atrás de argumentos para rebater as decisões condenatórias do STF, uma vez que tais condenações provam a existência do mensalão e jogam o Partido dos Trabalhadores na vala comum dos outros partidos brasileiros – aqueles que acham que chegar ao Poder é privatizá-los em torno de seus interesses.
O presidente nacional do PT, deputado estadual paulista Rui Falcão disse que a condenação do deputado mensaleiro João Paulo Cunha foi "um golpe grande, que faz parte de uma ação daqueles que foram derrotados nas urnas três vezes seguidas para a Presidência da República, mas insistem em querer nos derrubar e nos destruir". E disse mais: “O PT foi vítima de um golpe de setores conservadores da sociedade, "junto com setores da grande mídia".
Bobagens à parte, o PT só está sendo julgado indiretamente pelo comportamento de alguns militantes. O STF trabalha com fatos e com denúncias apresentadas pelo Ministério Público Federal e pela Polícia Federal. Logo, ninguém quer derrubar o PT e nem afastá-lo da vida pública brasileira. O que se tenta provar no STF é o poder desfrutado por uma “quadrilha” organizada (definição do MPF), integrada por elementos do PT e de outros partidos.
O “companheiro” João Paulo Cunha não é mais candidato a prefeito de Osasco por que o PT assim determinou quando foi condenado no STF. Ou o PT acreditava também na história dos R$ 50 mil recolhidos numa agência bancária por sua mulher, valor aquele que seria destinado ao pagamento de uma conta da NET? Uma conta de tevê a cabo no valor de R$ 50 mil exigiria muitos pontos extras e muito gasto com PPV (pay per view) e mesmo assim sobraria troco...
O “jus esperniandis”, o direito do esperneio, é a nova tese defendida pelo presidente nacional do PT. Rui Falcão não acreditava que o mensalão fosse julgado e até agora condenado pelo STF. Quando o STF decidiu que colocaria o processo do mensalão em julgamento no mês agosto, o secretário geral do PT, deputado André Vargas (PT-PR) disse que nossa Corte Suprema tinha cedido às pressões da mídia e da oposição.
O ministro Marco Aurélio Mello provocado a falar sobre o que disse o deputado petista, saiu-se com uma tirada de bom-humor: “O Supremo não age a partir de sugestionamentos ou pressões. Ninguém quis essa coincidência. Essa reação é muito conhecida no Direito: é o ‘jus esperneandis’”.
O PT pode espernear como quiser. É na democracia que o “jus esperniandis” encontra o seu espaço para ficar registrado na História. Mas como farsa, jamais como um protesto sério e responsável. É bom não esquecer que “a farsa do mensalão” saiu do discurso petista e já faz parte do anais do STF. Como uma triste realidade da política brasileira.
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