Para os cristãos, sexta é dia de rituais e penitências para lembrar o julgamento, a condenação e a morte de Jesus. Uma forma de representar a data é por meio de encenações da Paixão de Cristo, que serão realizadas em todo o Estado. A maior das peças é organizada e atuada por cristãos de grupos jovens, com idades entre 20 e 30 anos. Apesar de dados da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS), de 2015, demonstrarem que 19,3% dos jovens entre 18 e 34 anos se declaram ateus, os catarinenses tendem a ser um ponto fora da curva. Segundo o Censo de 2010, o Estado tem o maior número de fiéis do Brasil, considerando o total da população.
Entre os católicos de Santa Catarina, que representam 66% da população, 1,7 milhão têm menos de 25 anos, número expressivo para o padre Ewerton Martins Gerent, assistente eclesiástico do setor juventude da Arquidiocese de Florianópolis. Gerent acredita que o papa Francisco, desde 2013, é quem incentivou a abertura da Igreja ao mundo e os jovens se sentiram mais acolhidos e convidados a cooperar nas paróquias.
- Hoje, na arquidiocese, vemos que os jovens também são lideranças. Eles não vêm apenas para assistir à missa, mas são protagonistas da ação de evangelização. É importante que o jovem perceba que ser cristão não é apenas para uma faixa etária, pois Cristo alcança todos. O jovem também pode ser uma luz para o mundo - defende o padre Ewerton.
Reflexão sobre valores é aliada a boas ações
Um dos movimentos que busca integrar os jovens à Igreja Católica é o Emaús, que surgiu em Florianópolis há 43 anos e já formou mais de 10 mil pessoas entre 18 e 30 anos. Os cursos de valores humanos e cristãos são ministrados durante retiros espirituais de três dias. O objetivo é que os jovens reflitam sobre o valor da vida, da Igreja e da vivência em comunidade. Alessandra Vanessa da Silva Rodrigues, presidente do Emaús Florianópolis, explica que a intenção é que os participantes do curso atuem dentro das comunidades depois de formados.
- O maior objetivo do curso é que eles contribuam nas paróquias, seja na missa, em alguma pastoral ou dando aulas de catequeses para as crianças. Hoje, o que mais atrai os jovens para o movimento é o fato de poder ajudar os outros - afirma Alessandra.
A encenação da Paixão de Cristo, que chega à 25ª edição hoje, é uma das atividades realizadas pelo Movimento Emaús. A peça, antigamente encenada no Largo São Sebastião, no Centro de Florianópolis, será realizada pela terceira vez no Teatro Ademir Rosa, do Centro Integrado de Cultura (CIC), uma alternativa para evitar intempéries e proporcionar mais acessibilidade ao público.
Todo o dinheiro arrecadado com os ingressos (R$ 15 antecipado e R$ 20 na hora) é destinado à Casa Lar Emaús, que abriga meninos de seis a 12 anos, para a Casa São José, que acolhe crianças da Serrinha, em Florianópolis, no contraturno escolar, e é revertido para o próprio movimento, para que jovens sem condições financeiras possam participar dos retiros.
Há 25 anos o grupo de jovens que forma o Emaús encena a Paixão de Cristo Foto: Leo Munhoz / Agencia RBS
Espetáculo movimenta mais de 100 pessoas
O espetáculo envolve cerca de 100 pessoas, entre atores e bastidores, a maior parte deles com idade entre 20 e 30 anos. Os ensaios são realizados em seis sábados que antecedem a Páscoa, uma forma dos jovens realizarem um sacrifício de quaresma e transformarem a preparação para a peça em momentos de oração.
Maria Luiza Lima, 23 anos, tem a responsabilidade de dar voz à mãe de Cristo pelo segundo ano consecutivo e se sente honrada. Estudante do último período de medicina, ela conta que nem sempre é fácil lidar com a atitude de outras pessoas perante a sua fé, mas ressalta que o importante é evangelizar em todo lugar, mesmo que seja para tocar apenas uma pessoa.
- Quando fiz o retiro, em 2014, voltei para a universidade diferente e acabei trazendo uma amiga para dentro do movimento. É um trabalho de formiguinha, mas é isso que vale a pena - explica.
Depois de passar por um susto no fim do ano passado - 23 dias no hospital após uma encefalite e um ataque cardíaco - ela se recuperou e aceitou novamente o convite para interpretar Maria. O período de quaresma foi de preparação e dedicação à causa, com ensaios todos os sábados, reuniões até a madrugada, além dos estudos na faculdade, mas ela garante que vale cada momento em prol de Jesus:
- Não precisa estar lotado, se uma pessoa estiver aqui e for tocada, nós atingimos nosso objetivo. O amor que eu sinto por Ele e Ele sente por mim é uma coisa tão boa que eu quero que outras pessoas sejam tocadas.
Uma das atrizes mais novas do grupo é Sara Macedo Dias, 17 anos, que interpreta uma pecadora na encenação. Ela começou a frequentar o grupo aos 10 anos, pois a irmã dela era coordenadora da peça. Acabou pegando gosto pela iniciativa e, mesmo após a irmã se mudar para outra cidade, seguiu no Movimento Emaús, participando de retiros, encenação e do ministério de músicas, com atividades semanais e outros compromissos da igreja.
- A encenação é uma das coisas que mais me encanta, é muito emocionante a gente conseguir participar de alguma forma dessa história. Para mim, o período de Páscoa é uma época de muita reflexão, repensar tudo que aconteceu nesses 40 dias, até chegar a Sexta-feira Santa. As pessoas achavam que depois de uma semana Jesus já teria sido esquecido, mas passaram 2 mil anos e estamos aqui relembrando. O domingo é muito mais importante do que o coelhinho da Páscoa e chocolate. É um período para repensar na vida, olhar para dentro e mudar atitudes - conta.
Saiba onde assistir encenações da Paixão de Cristo em Santa Catarina
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- Hoje, na arquidiocese, vemos que os jovens também são lideranças. Eles não vêm apenas para assistir à missa, mas são protagonistas da ação de evangelização. É importante que o jovem perceba que ser cristão não é apenas para uma faixa etária, pois Cristo alcança todos. O jovem também pode ser uma luz para o mundo - defende o padre Ewerton.
Reflexão sobre valores é aliada a boas ações
Um dos movimentos que busca integrar os jovens à Igreja Católica é o Emaús, que surgiu em Florianópolis há 43 anos e já formou mais de 10 mil pessoas entre 18 e 30 anos. Os cursos de valores humanos e cristãos são ministrados durante retiros espirituais de três dias. O objetivo é que os jovens reflitam sobre o valor da vida, da Igreja e da vivência em comunidade. Alessandra Vanessa da Silva Rodrigues, presidente do Emaús Florianópolis, explica que a intenção é que os participantes do curso atuem dentro das comunidades depois de formados.
- O maior objetivo do curso é que eles contribuam nas paróquias, seja na missa, em alguma pastoral ou dando aulas de catequeses para as crianças. Hoje, o que mais atrai os jovens para o movimento é o fato de poder ajudar os outros - afirma Alessandra.
A encenação da Paixão de Cristo, que chega à 25ª edição hoje, é uma das atividades realizadas pelo Movimento Emaús. A peça, antigamente encenada no Largo São Sebastião, no Centro de Florianópolis, será realizada pela terceira vez no Teatro Ademir Rosa, do Centro Integrado de Cultura (CIC), uma alternativa para evitar intempéries e proporcionar mais acessibilidade ao público.
Todo o dinheiro arrecadado com os ingressos (R$ 15 antecipado e R$ 20 na hora) é destinado à Casa Lar Emaús, que abriga meninos de seis a 12 anos, para a Casa São José, que acolhe crianças da Serrinha, em Florianópolis, no contraturno escolar, e é revertido para o próprio movimento, para que jovens sem condições financeiras possam participar dos retiros.
Há 25 anos o grupo de jovens que forma o Emaús encena a Paixão de Cristo Foto: Leo Munhoz / Agencia RBS
Espetáculo movimenta mais de 100 pessoas
O espetáculo envolve cerca de 100 pessoas, entre atores e bastidores, a maior parte deles com idade entre 20 e 30 anos. Os ensaios são realizados em seis sábados que antecedem a Páscoa, uma forma dos jovens realizarem um sacrifício de quaresma e transformarem a preparação para a peça em momentos de oração.
Maria Luiza Lima, 23 anos, tem a responsabilidade de dar voz à mãe de Cristo pelo segundo ano consecutivo e se sente honrada. Estudante do último período de medicina, ela conta que nem sempre é fácil lidar com a atitude de outras pessoas perante a sua fé, mas ressalta que o importante é evangelizar em todo lugar, mesmo que seja para tocar apenas uma pessoa.
- Quando fiz o retiro, em 2014, voltei para a universidade diferente e acabei trazendo uma amiga para dentro do movimento. É um trabalho de formiguinha, mas é isso que vale a pena - explica.
Depois de passar por um susto no fim do ano passado - 23 dias no hospital após uma encefalite e um ataque cardíaco - ela se recuperou e aceitou novamente o convite para interpretar Maria. O período de quaresma foi de preparação e dedicação à causa, com ensaios todos os sábados, reuniões até a madrugada, além dos estudos na faculdade, mas ela garante que vale cada momento em prol de Jesus:
- Não precisa estar lotado, se uma pessoa estiver aqui e for tocada, nós atingimos nosso objetivo. O amor que eu sinto por Ele e Ele sente por mim é uma coisa tão boa que eu quero que outras pessoas sejam tocadas.
Uma das atrizes mais novas do grupo é Sara Macedo Dias, 17 anos, que interpreta uma pecadora na encenação. Ela começou a frequentar o grupo aos 10 anos, pois a irmã dela era coordenadora da peça. Acabou pegando gosto pela iniciativa e, mesmo após a irmã se mudar para outra cidade, seguiu no Movimento Emaús, participando de retiros, encenação e do ministério de músicas, com atividades semanais e outros compromissos da igreja.
- A encenação é uma das coisas que mais me encanta, é muito emocionante a gente conseguir participar de alguma forma dessa história. Para mim, o período de Páscoa é uma época de muita reflexão, repensar tudo que aconteceu nesses 40 dias, até chegar a Sexta-feira Santa. As pessoas achavam que depois de uma semana Jesus já teria sido esquecido, mas passaram 2 mil anos e estamos aqui relembrando. O domingo é muito mais importante do que o coelhinho da Páscoa e chocolate. É um período para repensar na vida, olhar para dentro e mudar atitudes - conta.
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